Para
quem ainda não sabia, informo que o ordoliberalismo germânico - a doutrina que
preconizava a subtracção da economia aos decisores políticos mediante a fixação
de regras jurídicas organizadoras da economia capitalista que seriam imunes aos
efeitos das eleições - fazia parte do ideário de alguns dos mais influentes
federalistas europeus do pós-guerra. Quando ouço na televisão os suspiros
desalentados dos federalistas dos nossos dias, fico perplexo com tanta
ignorância sobre as implicações de uma moeda única para a Europa.
Ainda
hoje nos querem impingir a mentira de que a ascensão de Hitler se deveu à hiperinflação
dos anos vinte quando, de facto, ela já estava ultrapassada há muito. Pelo
contrário, foi a espiral da austeridade deflacionista, levada a cabo pelo
Chanceler Brüning, a
partir de 1930, para responder aos efeitos da Grande Depressão nos EUA, que
gerou o desemprego de massa e criou o ambiente de conflitualidade social e
política que catapultou Hitler para o poder. Tal como hoje, nesses anos de crise, a social-democracia apoiava as políticas de rigor orçamental, com excepção da Suécia.
Nessa época, a defesa da paridade com o ouro – câmbios fixos –
obrigava todos os governos a adoptar as políticas de austeridade que bem
conhecemos. Os desequilíbrios externos não podiam ser resolvidos através de
correcções nas taxas de câmbio e só restava produzir uma recessão pelos cortes
na despesa pública, para fazer baixar os salários, o que reduzia as importações
e tornava mais competitivas as exportações. A taxa de juro também era aumentada
para atrair capitais/ouro, o que agravava a recessão. Hoje, estamos a sofrer os efeitos da mesma política orçamental, em nome da moeda única e do sinistro projecto europeu sonhado por seguidores da doutrina ordoliberal.
Leiam o texto abaixo e tirem as vossas conclusões sobre o
projecto destes federalistas europeus do pós-guerra.