segunda-feira, 28 de março de 2016

Só falta a certidão de óbito.



Esta UE já morreu. Só falta a certidão de óbito. Vejam o que diz um economista alemão, editor do Financial Times:

"Em retrospetiva, a UE deu um passo em falso ao instituir uma moeda única sem uma união bancária adequada. Foi errado criar um espaço de livre circulação de pessoas sem uma força policial de fronteiras comum e uma política de imigração. Gostaria de acrescentar o alargamento da UE a esta lista, não o princípio em si, mas a pressa com que ele foi executado."

Em boa verdade, a UE deu um passo em falso quando, nos anos oitenta, embarcou alegremente na globalização promovida pelo neoliberalismo em ascensão. É a partir do Acto Único Europeu que se institui o caminho para uma cada vez maior integração destinada a eliminar a soberania dos Estados-membros. Por conseguinte, os problemas que hoje temos não se devem a uma insuficiente integração federal. Eles são o resultado desse caminho federalizante, rumo à meta implícita que não pode ser verbalizada, os Estados Unidos da Europa.

As crises de endividamento externo, de desemprego em massa, de falência sistémica dos bancos, de política externa criminosa no Mediterrâneo, de clamorosa falta de segurança interna e externa, etc. não podem ser resolvidos sem o poder dos Estados soberanos, desejavelmente em cooperação uns com os outros.

O que hoje está à vista é que a saída da situação dramática em que nos encontramos não se fará através da conversão dos Estados em províncias de um super-Estado europeu sem controlo democrático, até porque não existe um povo e um espaço público de deliberação 'europeus'. O futuro da Europa não passa pela centralização de um poder distante dos cidadãos, ainda por cima capturado pelo poder financeiro e dos grandes grupos económicos que comandam a globalização. 

A conferência internacional "PÓS-EURO, na Europa e em Portugal" será um momento importante para que tudo isto comece a ser discutido em Portugal. 

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