quinta-feira, 19 de maio de 2016

Por quanto tempo mais?

Paul De Grauwe, economista belga que sonhou com uma UE federal, hoje sem ilusões quanto à viabilidade do Euro, denuncia o cinismo criminoso do BCE (aqui).
A Grécia, o país que mais precisa de ajuda, é precisamente aquele que, por razões político-ideológicas, a UE está a esmagar. Por quanto tempo mais?


"Quando o BCE compra títulos da dívida pública de um país da Zona Euro [Quantitative Easing], é como se estes títulos tivessem deixado de existir. Embora os títulos permaneçam no balanço do BCE (na realidade, a maior parte está registada nos balanços dos bancos centrais nacionais), eles deixam de ter qualquer significado económico.

O Tesouro de cada Estado pagará um juro sobre estes títulos mas, no fim do ano, os bancos centrais devolvem estes montantes ao respectivo Tesouro. Isto significa que, enquanto os títulos de dívida pública permanecerem no balanço dos bancos centrais nacionais, os governos deixam de pagar juros sobre a parte da dívida pública que está registada nos seus balanços. Estes governos gozam de um perdão de dívida. (...)

A Grécia está excluída do programa de QE e, portanto, do perdão de dívida que decorre deste programa. O BCE dá uma razão técnica para essa exclusão: as obrigações do governo grego não cumprem os critérios de qualidade exigidos pelo BCE no âmbito do programa. (...)

A exclusão da Grécia não resulta de um qualquer problema técnico insuperável. Os problemas técnicos podem ser facilmente ultrapassados quando há vontade política para isso. A exclusão da Grécia é o resultado de uma decisão política que visa punir um país que se portou mal."

Sem comentários:

Enviar um comentário