Esta campanha eleitoral tem
estado excessivamente polarizada no candidato da direita, e as candidaturas
opositoras têm caído no erro de centrar a atenção nessa figura, gastando mais
tempo a criticá-la do que a valorizar os méritos próprios. A direita e o seu
candidato, naturalmente, agradecem esse tempo de antena gratuito. Acontece,
porém, que se há razões de bom senso e de imperativo político para não se votar
no candidato da direita, também há excelentes razões, positivas e não apenas
negativas, para votar na única alternativa politicamente sólida e credível.
Essa alternativa é Sampaio da Nóvoa, e vale a pena enumerar os motivos pelos
quais os votos que lhe dermos no Domingo não serão simplesmente votos negados à
direita.
A primeira razão para votarmos
em Sampaio da Nóvoa prende-se com o facto de que, entre os vários candidatos,
ele é o único que reúne condições para devolver dignidade à função
presidencial, uma dignidade que o actual ocupante da Presidência da República
se encarregou de degradar sistematicamente ao longo dos dez anos de duração dos
seus dois mandatos. Com efeito, nunca, nas quatro décadas da nossa democracia,
um Presidente levou tão longe (ou tão fundo) o esvaziamento dos seus poderes
constitucionais como Cavaco Silva, e nunca antes um Presidente se comportou de
forma tão tortuosa e mesquinha na cena interna e tão pusilânime no cenário
internacional (recordemos, como um momento dificilmente ultrapassável em
baixeza, a forma cobarde como Cavaco reagiu às declarações ofensivas do
Presidente Vaclav Klaus aquando da sua visita à República checa em 2010). Essa
pusilanimidade só foi superada no enviesamento politicamente torpe com que
Cavaco caucionou todo o ataque, protagonizado pelos governos de Passos Coelho,
aos direitos sociais e laborais consagrados na Constituição, um enviesamento
que culminou no facciosismo com que reagiu a todo o processo conducente à
formação do governo de António Costa. Vai ser muito difícil recuperar a imagem
pública e a relevância política do cargo presidencial perante os danos
profundos que Cavaco lhe infligiu. Mas Sampaio da Nóvoa é a figura indicada
para o fazer, dadas as suas qualidades pessoais de probidade, de equilíbrio, de
sensatez e de elevação ética, qualidades fundamentais para restituir a
necessária gravitas que esteve
dramaticamente ausente da função presidencial nestes últimos dez anos.
A segunda razão para darmos o
nosso voto a Sampaio da Nóvoa remete para a sua postura ético-política,
atestada por toda a sua biografia. Tudo aponta para que Sampaio da Nóvoa seja
um defensor intransigente da Constituição, particularmente no que toca aos
direitos e liberdades nela garantidos e que tão espezinhados foram no passado
recente por interpretações abusivas do texto constitucional e por tentativas
constantes para o torpedear, às quais o actual detentor do cargo presidencial
assistiu impávido e sereno, quando não de forma cúmplice. Alguns críticos de
Sampaio da Nóvoa acusam-no de manter um discurso excessivamente carregado de
boas intenções e politicamente inócuo. Ora, o que Sampaio da Nóvoa tem feito é
insistir no primado de valores éticos essenciais ao funcionamento da nossa
democracia, tanto no plano político como no plano social. E é preciso estarmos
anestesiados pelo cinismo e pela desesperança, dois vírus que tomaram conta da
vida nacional, para encararmos, com menosprezo, o discurso de um homem que não
faz mais do que tentar reintroduzir nessa mesma vida os tais valores que a
arrogância de Passos Coelho e dos seus mandantes tudo fizeram para destruir ou
perverter.
Há ainda uma terceira razão
para votarmos em Sampaio da Nóvoa. E essa razão consiste em podermos dar, todos
nós, um contributo para tornar a democracia portuguesa mais adulta e mais
amadurecida. Quando toda a comunicação social, num tom uníssono comandado pelos
grandes interesses económicos que se apropriaram dos jornais e das televisões,
se esforça por levar ao colo o candidato da direita, quando muitos comentadores
avençados querem fazer passar como inevitável a eleição de uma figura que andou
anos a ser promovida como “entertainer” nacional, e quando muitas vozes
consideram impossível que os portugueses escolham um homem como Sampaio da
Nóvoa, com um percurso digno mas discreto, longe dos holofotes da publicidade
comunicacional, seria uma tremenda lição de democracia e de maturidade política
que os eleitores dessem o seu voto maioritário precisamente a esse homem e não
ao sabonete apalhaçado que a comunicação social pretende vender. Todos nós,
cada um de nós, podemos contribuir no próximo Domingo para que essa lição seja
uma realidade.
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